Vou te contar uma coisa sobre mim, algo que nunca partilhei com ninguém.
Tenho medo. Tenho tantos medos que às vezes fico paralisada.
Então, num belo dia resolvi enumerá-los um a um. Peguei num caderno e comecei a anotar todos os meus medos, e hoje vou partilhar alguns deles afinal todos sentimos medo, o que não podemos é deixar que ele seja o comandante das nossas atitudes.
Fazendo essa lista descobri que tinha mais medos do que imaginava e o maior deles e também o primeiro é o medo da rejeição. Penso que, a maioria das pessoas já teve ou ainda têm medo de serem rejeitadas.
Sinto um medo aterrador, da rejeição, que me causa ansiedade. Então comecei a me questionar porquê sentia tanto medo. Um medo horroroso e sem nexo que me tirava a alegria de viver e limitava a minha capacidade de pensar e sentir a vida no momento em que ela acontece.
Buscando na minha cabeça por lembranças da infância que me pudessem dar alguma luz sobre o porquê deste medo que me paralisa tanto, descobri a fonte de todos os meus medos.
Durante quase toda a minha infância, vivi com meus avós, irmão e tios. Minha mãe visitava-nos sempre que podia, pois precisava trabalhar. Sempre que ela ia embora eu sofria muito, sentia uma dor muito grande, uma tristeza que hoje, só de lembrar, consigo senti-la novamente.
O que eu sentia era uma certeza dentro de mim, de que só ela poderia me dar o amor e atenção que eu tanto necessitava naquele momento, mas ela ia embora e me deixava ali.
Sentia-me muito sozinha e triste nas primeiras horas após a sua partida. Depois, como toda criança, acabava por esquecer aquela dor e voltava a brincar.
Então, percebi que aquela dor é exatamente igual a que sinto quando sou, de certa forma, “rejeitada”, seja em que situação for.
Na verdade, o meu medo não é de ser rejeitada, é de voltar a sentir aquela dor.
Eu não quero voltar a senti-la, por isso tenho tanto medo de tais situações. Situações que causam ansiedade e limita-nos nas nossas capacidades intelectuais e espirituais.
A ansiedade causa cansaço mental e físico e nos impede de pensar e enxergar as coisas como realmente são.
No entanto, percebi que essa dor está lá no passado, que eu não preciso nem devo revivê-la sempre que algo der errado. Afinal, eu não sou mais uma criança, nem estou longe da minha mãe.
Quando ela ia embora eu me sentia desprotegida, pois, de certa forma, eu estava desprotegida, mas hoje já não estou, logo, não preciso ter medo, está tudo bem.
O auto-conhecimento, a cura interior, é algo maravilhoso, nos faz enxergar a vida com outros olhos, nos dá alegria de viver, nos faz querer mais e mais da vida.
Após essa descoberta, percebi que todos os outros medos que me atormentavam tinham origem nessa dor do passado.
Por exemplo, quando tenho medo do que as pessoas vão pensar de mim e deixo de fazer algo que me interessa e me faz bem só por causa disso, estou limitando as minhas capacidades, estou deixando de viver, simplesmente.
Ou seja, essa dor, esse trauma, essa ansiedade causada, me impede de viver plenamente a minha vida.
O medo de magoar os outros, o medo de parecer ridícula, enfim, são muitos, mas todos têm origem no mesmo.
Não adianta sentir medo. As coisas vão acontecer exatamente como têm de ser, dê para onde der. O nosso destino caminha junto de nós, não há como fugir dele.
Não dá para viver a vida toda com medo, senão ela passa e nem nos damos conta, simplesmente não vivemos por medo de viver. Que coisa mais estúpida, não é mesmo?!
Seja qual for o seu medo e/ou preocupação constante, que te impede de ver e sentir todo o seu corpo, inclusive identificar as suas emoções e pensamentos é, na maioria das vezes, fruto de sensações e emoções mal resolvidas do passado, mal resolvidas dentro de você.
Por isso, não deixe nada por dizer ou por fazer, cuide do seu interior.
“Buscai primeiro o Reino de Deus e tudo o mais vos será acrescentado.”
O Reino somos nós. Somos o espelho dEle. Por isso devemos nos conhecer o mais profundo possível, pois só assim, tudo o mais, todo o resto, vem parar em nossas mãos.
Mergulhe nos seus pensamentos, procure saber quem você realmente é, o que te aflige verdadeiramente, quais são os seus maiores medos.
O medo é usado para exercer controle sobre nós. Pode ser apenas um, mas que gera muitos outros, inclusive a temida ansiedade que é a causa de grandes estragos em nossas vidas e daqueles que nos rodeiam.
Ela nos impede de fazer o que realmente nos faz feliz, nos impede inclusive de enxergar e de saber o que nos faz feliz, por medo do que os outros vão pensar.
Já parou para pensar que, se tenho medo do que o outro vai pensar das minhas atitudes e, o outro também tem medo do que os outros e eu, eventualmente, vou pensar das suas atitudes, e assim sucessivamente, vivemos num círculo vicioso de medo.
Ou seja, ninguém vive, ou muito poucos vivem. A única coisa que fazemos na vida é sentir medo e agir sob a escuridão da ansiedade, pois ela nos cega por completo.
A verdade é que todos caminhamos em direção à morte.
Por isso, pense, sinta e seja quem você realmente é. Não tenha medo, não somos eternos, vamos todos morrer um dia, então, não faz sentido ter medo se o meu tempo é limitado e eu não faço ideia de como nem quando ele vai acabar.
Ao vivermos com medo e ansiosos, perdemos o que de mais valioso temos em nossa vida, a liberdade.
Liberte-se!